Ainda raríssimo, carro elétrico gasta cerca de 10 centavos de real a cada quilômetro rodado
Dono de um BMW i3 e de um scooter elétrico, o administrador de empresas Leonardo Celli Coelho diz gastar apenas R$ 60 por mês com a conta de luz da sua casa, em Jaguariúna (SP), equipada com um carregador semirrápido “Wallbox Pro” na garagem. Tem truque? Um dos primeiros entusiastas da tecnologia elétrica para automóveis no Brasil, Coelho instalou células fotovoltaicas no telhado do imóvel, que geram toda a energia de que necessita, e diz gastar R$ 0,10 por quilômetro rodado com o carro. Para isso, investiu cerca de R$ 25 mil nos equipamentos, mais o custo dos veículos em si — só o i3 custava, enquanto era vendido no país, entre R$ 160 mil e R$ 250 mil.
UOL Carros foi atrás de histórias de quem já usa carros elétricos num país que sequer tem lei de incentivo clara (exceção à isenção do Imposto de Importação). Primeiro, falamos sobre o custo para instalar carregadores em imóveis, sejam residenciais ou comerciais, que são elevados. Agora, perguntamos quanto custa o uso real das raras unidades de carro elétrico que rodam por aqui.
Investimento alto
“Os R$ 60 são referentes à tarifa básica obrigatória da concessionária [de energia elétrica]”, afirma Coelho. O administrador explica que precisa pagar pela instalação diferenciada: as placas solares precisam passar por uma homologação da concessionária de energia; o medidor convencional é substituído por um de “duas vias”, responsável por registrar tanto a eletricidade consumida pelo imóvel quanto a produzida pelas células; é preciso contratar 50 kWh obrigatórios da “taxa de disponibilidade” de energia. Daí o preço fixo mensal citado.
Não fosse isso, diz poderia até estar recebendo dinheiro, em vez de pagar: “Na prática, as placas geram mais energia do que gasto, sou superavitário. Infelizmente, o modelo atual de distribuição não permite que eu venda a energia excedente”. Essa energia extra acaba convertida em créditos pela distribuidora local (a CPFL, que atua no interior do Estado de São Paulo), como um banco de horas, que podem ser gastos em até cinco anos. Tudo vem informado na fatura mensal, inclusive os bônus.
“Eu poderia instalar baterias para armazenar, mas o custo seria muito alto, em torno de R$ 100 mil”, contabiliza o administrador.
FONTE: UOL